Foto: do Jornal Estrutural Online, fotógrafo oficial Francisco Gelielçon
Pela primeira vez na história da cidade Estrutural, Distrito Federal, temos uma mulher negra e cria da cidade disputando ao cargo de presidente do Conselho Comunitário da Estrutural e do CCSCIA desde início da criação da Associação, na eleição deste ano de 2023, a mestra de capoeira Keila. Neste sentido, ter mulheres negras no poder é uma questão de contar com representatividade de uma parcela da população marcada por um passado de discriminações, lutas e dificuldades. Existem muitas conquistas, mas ainda é preciso mais equidade de mulheres e ainda mais afrodescendente.
" A minha candidatura é um desafio por ser uma mulher negra apesar de ser formada, mas conto e acredito humildemente com apoio dos moradores da Estrutural e Santa Luzia que sensibilize com a minha candidatura. Prometo ser uma mulher forte e guerreira em favor das questões dos interesses das comunidades da Estrutural e Santa Luzia, onde somos a maioria mulheres negras vulneráveis que lutam por mais igualdade de oportunidades." - Disse a mestre Keila da Capoeira
Enquanto isso, mulheres negras anônimas também lutavam, mas em suas rotinas, para vislumbrar pequenas conquistas, que muito representavam para a nossa liberdade e evolução profissional: a divisão de tarefas domésticas, dos cuidados com os filhos e a tão desejada individualidade, por exemplo.
Foram séculos de lutas e persistência para chegarmos ao patamar de hoje. Apesar de serem grandes mudanças, ainda precisamos lutar muito para conquistar os mesmos privilégios que os homens e mulheres brancas. É uma realidade difícil ser negra numa sociedade construída a partir do racismo e do patriarcado. Sendo o racismo uma lógica em que uma raça se organiza para oprimir outra raça, temos isso delineado nos países latino-americanos através da exclusão territorial, social, econômica e política. Onde a mulher negra acaba sofrendo uma dupla opressão, já que há historicamente construída, uma hegemonia de um gênero sobre o outro.
As disparidades de gênero e raça colocam as opressões sexistas e racistas como um tema atual e iminente, trata-se de dois sustentáculos do modelo socioeconômico vigente. Por isso o dia 25 de julho é uma data que nos lembra do quanto as mulheres negras ainda precisam avançar nas conquistas de direitos.
A superação do racismo e do machismo é uma luta árdua, constante, de crítica e desconstrução do modelo de produção, da cultura hegemônica, do sistema educacional, político e econômico.
Lutar pela mulher negra significa lutar contra o capital, contra o padrão de beleza eurocêntrico, contra a hierarquização da cultura, contra a colonização do conhecimento, contra o eurocentrismo, contra a estigmatização juntamente com a luta pela valorização da cultura negra, popular e periférica, de igualdade de oportunidades, por políticas de equidade e de reparação. Significa lutar por transformações radicais na estrutura da sociedade.
Emancipação, respeito, dignidade, valorização, irreverência, subversão são algumas das palavras que podem ser colocadas no centro do dia de luta pela mulher negra em nossas comunidades de todo o Brasil.
Da redação.
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